quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Geofísica no rio Araguaia

O IPT, em parceria com a AHITAR - Admistradora das Hidrovias Tocantins e Araguaia, e com financiamento da FINEP, está executando levantamentos geofisicos com o sonar de varredura lateral no rio Araguaia, visando dar suporte técnico a projetos de Hidrovias. Os dados obtidos permitem observar com precisão a localização dos obstáculos à navegação ao longo do rio (árvores submersas, bancos de areias, afloramentos rochosos, embarcações naufragadas etc).
O equipamento utilizado é um Sonar Varredura da marca Klein modelo 3000 de dupla frequencia (100 e 500 KHz, simultâneas). Perfilagem Sísmica Contínua, Batimetria de dupla frequencia e levantamentos hidrográficos foram também executados e, neste caso, tiveram apoio das empresas ASA e Microars.

Testes com o sonar de varredura foram tambem realizados no Lago de Lajeado, Palmas, TO e na represa Billings, em São Paulo. Nos registros obtidos no Lajeado, identificam-se claramente as avenidas antigas da cidade de Canela (TO), inundada com o enchimento do lago, bem como as leiras de madeiras abandonadas no fundo, quando da inundação. Nos registros do obtidos no rio Araguaia, as imagens mostram belíssimos bancos de areais, afloramentos rochosos, bem como o contato entre depósitos de cascalhos e areias finas. Os registros do Reservatório Billings mostram os paleocanais dos rios que circulavam na região antes da inundação e embarcações naufragadas. Vale a pena dar uma olhada nos registros. Imagens de algumas das embarcações utilizadas nos levantamentos executados também estão disponíveis a seguir. Outros registros obtidos no Tocantins podem ser visualizados em http://laps.multiply.com/photos/album/118/. Registros sísmicos da perfilagem serão brevemente mostrados neste espaço.






Especialistas em geofísica rasa se reúnem na Baía da Guanabara


Especialistas em investigaçao geofísica de águas rasas se reúnem na Baía da Guanabara, a convite da CPRM, pra testar equipamentos novos adquiridos pela CPRM e pela UERJ. Com apoio da Marinha do Brasil foram testados entre os dias 13 e 14 de outubro, um boomer (da UERJ) e um sparker (da CPRM) fabricados pela Applied Acoustic. Participaram do encontro os pesquisadores Dr. Kaiser G de Souza, Dr. Mauro L. Souza e Dr. Jairo Pessoa, da CPRM, os professores Dr. Cleverson G. Silva, Dr. Gilberto T.M. Dias e Dr. Arthur Ayres , da UFF, o Prof Dr. Antonio Tadeu dos Reis, da UERJ, o Prof. Dr. Marco Ianniruberto, da UNB, a comandante Ana Angélica L.A. Tavares , da Marinha (DHN) e eu, Dr. Luiz A P Souza (Laps), do IPT. O barco utilizado foi o CAMR11 (POLLUX) da Marinha.
Outras fotos do encontro podem ser visualizadas no endereço: http://laps.multiply.com/photos/album/303/TESTES_DE_EQUIPAMENTOS_NA_BAIA_DA_GUANABARA.

Forum do Lago - 2008

































































No último dia 17 de junho participei do 7o. Forum do Lago, a convite da Comissão Organizadora do evento e da AHITAR - Administradora das Hidrovias Tocantins e Araguaia. Este evento, que ocorre anualmente em Palmas, se discutem questões ambientais relacionadas à existencia do lago. Apresentei uma palestra mostrando como a geofísica pode contribuir nestes temas. A seguir o resumo da minha palestra (a apresentação pode ser vista em http://laps.multiply.com/photos/album/162/)

MÉTODOS GEOFÍSICOS APLICADOS À INVESTIGAÇÃO DE RIOS E RESERVATÓRIOS
Luiz Antonio Pereira de Souza - Laps@ipt.br ou luizlaps@gmail.com
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT

A investigação geológica ou geotécnica da superfície terrestre como suporte técnico a projetos de obras de engenharia é operacionalmente mais simples, quando comparada à investigação de ambientes submersos, tais como rios, reservatórios ou mesmo no mar.
Nas áreas emersas, muitas das características geológicas ou geotécnicas de um determinado terreno podem ser obtidas a partir das observações convencionais, que passam pelo emprego de métodos diretos de investigação, tais como sondagens, fotografias aéreas, imagens de satélite, e por observações geológicas in situ dos terrenos investigados. Muito comumente, ensaios geofísicos são também realizados na superfície dos terrenos com vistas à obtenção de dados sobre a variabilidade de algumas propriedades físicas do meio, tais como velocidade de propagação do som e resistividade elétrica, que, entre outras, constituem parâmetros físicos intimamente relacionados com o tipo de material e estruturas geológicas presentes na área investigada. Por outro lado, na investigação de áreas submersas, as ferramentas convencionais de observação não oferecem os resultados desejados, tendo em vista a natural dificuldade de acesso do observador ao local de interesse. Fotografias aéreas e imagens de satélite dependem da luz, portanto têm penetração extremamente limitada nestes ambientes, tornando-se ferramentas praticamente inoperantes nos estudos de áreas submersas. A coleta de amostras e a execução de sondagens ou de testemunhagens em áreas submersas são viáveis, entretanto envolvem sempre procedimentos operacionais complexos, de alto risco e de alto custo. Assim, na investigação de áreas submersas, os métodos indiretos, denominados de métodos geofísicos, têm especial relevância, ante suas propriedades inerentes, principalmente ao se considerar que o seu emprego permite a obtenção, a partir da superfície da água, de dados detalhados sobre a morfologia da superfície e da subsuperfície de fundo, sem interferir fisicamente no meio geológico. O emprego destes métodos de investigação possibilita a identificação da espessura das camadas sedimentares e da profundidade do embasamento rochoso, além da identificação e da caracterização de estruturas geológicas na superfície e na subsuperfície, parâmetros fundamentais no estudo de áreas submersas, em especial em projetos de túneis, dutos, barragens e hidrovias. Alguns métodos geofísicos permitem ainda a identificação precisa de feições na superfície de fundo, como por exemplo, afloramentos rochosos, tocos de árvores não removidas, que são comumente obstáculos em projetos de hidrovias. Têm ainda vasta aplicação em arqueologia submarina permitindo a identificação de embarcações naufragadas, cidades inundadas, etc., além de constituírem excelentes ferramentas de apoio em operações de busca e salvamento.

O assunto foi pauta dos jornais diárias e da televisão na semana do evento como se pode observar nas imagens acima.

Geofísica no rio Araguaia

O IPT, em parceria com a AHITAR - Admistradora das Hidrovias Tocantins e Araguaia, e com financiamento da FINEP, está executando levantamentos geofisicos com o sonar de varredura lateral no rio Araguaia, visando dar suporte técnico a projetos de Hidrovias. Os dados obtidos permitem observar com precisão a localização dos obstáculos à navegação ao longo do rio (árvores submersas, bancos de areias, afloramentos rochosos, embarcações naufragadas etc).
O equipamento utilizado é um Sonar Varredura da marca Klein modelo 3000 de dupla frequencia (100 e 500 KHz, simultâneas). Perfilagem Sísmica Contínua, Batimetria de dupla frequencia e levantamentos hidrográficos foram também executados e, neste caso, tiveram apoio das empresas ASA e Microars.

Testes com o sonar de varredura foram tambem realizados no Lago de Lajeado, Palmas, TO e na represa Billings, em São Paulo. Nos registros obtidos no Lajeado, identificam-se claramente as avenidas antigas da cidade de Canela (TO), inundada com o enchimento do lago, bem como as leiras de madeiras abandonadas no fundo, quando da inundação. Nos registros do obtidos no rio Araguaia, as imagens mostram belíssimos bancos de areais, afloramentos rochosos, bem como o contato entre depósitos de cascalhos e areias finas. Os registros do Reservatório Billings mostram os paleocanais dos rios que circulavam na região antes da inundação e embarcações naufragadas. Vale a pena dar uma olhada nos registros. Imagens de algumas das embarcações utilizadas nos levantamentos executados também estão disponíveis a seguir. Outros registros obtidos no Tocantins podem ser visualizados em http://laps.multiply.com/photos/album/118/. Registros sísmicos da perfilagem serão brevemente mostrados neste espaço.






Sonar de varredura lateral aplicada no reservatório de Porto Primavera

Entre os dias 27 e 31 de julho (2009) estive no reservatório de Porto Primavera executando levantamento ecobatimétrico e sonográfico. A equipe do IPT foi formada por mim e por Nabil Alameddine e Mauro Martins. Tivemos apoio em campo da equipe da CESP de Porto Primavera (Capitão, entre outros) e de Porto Epitácio (Engs. Rosana e Julio Cesar). Utilizamos um sonar de varredura lateral da Klein modelo 3000, digital , de dupla frequencia (100 e 500 kHz) e um ecobatimetro de dupla frequencia (38 e 200 kHz) da Kongsberg-Sinrad. Todos os trabalhos de campo foram georeferenciados com DGPS em tempo real. Fotos das operações de campo podem ser observadas em http://laps.multiply.com/photos/album/163 . Obtivemos registros muito bonitos e alguns deles estao disponíveis em http://laps.multiply.com/photos/album/165.









Nova infraestrutura geofísica do IPT




 












 
From August 3 to 8 IPT has tested his new seismic system bought from Meridata (Finland - http://www.meridata.fi/). The system acquired have basically 4 seismic sources: two chirps (2-9kHz and 10-20kHz), one boomer and one sparker. Three of them can run simultaneously which is very important in many surveys. Using chirps and boomers or sparkers simultaneously we can get resolution and penetration in the same time as we can see at the data profile above and also on http://laps.multiply.com/photos/album/168 . All the activities at USP Ubatuba Base were followed by researchers from USP (Oceanographical Institute) and from some private and governmental companies from Rio de Janeiro (Microars and INPH). Students from USP (Oceanographycal Institute and Geophysical Institute) also took part of this training activities. Two manufacturer's representatives from Finland came to Brasil to give us a general idea about the system: operation, maintenance and processing. Mr. Kim Ola and Mr. Tom Ola from Meridata kindly attended that one week seismic talks. It was a very nice experience for everybody and also a nice opportunity to discuss about shallow investigation by seismic. Some photos of the training are above and also available at http://laps.multiply.com/photos/album/167. Our training run at IO-USP base in Ubatuba, Flamengo Inlet. Despite of the comfortable and beautiful place to stay, the geology of that area is quite excellent in terms of seismic strata identification. Conspicuous features can be seen on the seismic profiles as we can see above. We also carried out a side scan sonar using a Klein 3000 and nice profiles could also be obtained. The crew was: Dr. Moyses Tessler , Dr. Luis Conti , Carlos Rogacheski and Marcelo Rodrigues from USP; Dr. Luiz A P Souza, Nabil Alamedine, Mariucha da Silva, Mauro M Ferreira and Ricardo S. Xavier from IPT and Natalia Caldas from Microars and Roberto Bianco from INPH, both from Rio de Janeiro. During the training also we were visited by Dr. Michael M Mahiques and Clodoaldo Vieira, from USP and Gerson Salviano and José Cardoso from IPT. They spent a day with us just watching a day training. The captain of ship named Veliger II, used for the survey, was Mr Sérgio and his crew: Manoel and “Oziel Junior”.

Métodos en teledetección Aplicada a la Prevención de Riesgos Naturales en el Litoral

Lançado em Madri o livro "Métodos en teledetección Aplicada a la Prevención de Riesgos Naturales en el Litoral", dentro do Rrograma Iberoamericano de Ciencia y Tecnologia para el Desarrollo - CYTED. Editado pela Universidade Católica de Valência, e financiado pela rede CYTED o livro tem a intençao de promover o desenvolvimento de metodologias para análise e predição de riscos naturais em áreas costeiras e contribuir para a redução de seus efeitos. Reune artigos de equipe internacional de experientes profissionais e pesquisadores que atuam nesta área de especialização. Eu e o prof. Dr. Michel M. Mahiques do IO-USP, escrevemos o capitulo 13 deste livro (GEOFÍSICA MARINA APLICADA AL ESTUDIO DE LOS RIESGOS GEOLÓGICOS LITORALES), que pode ser acessado de forma completa no link http://www.redriesgoslitorales.com/. Boa leitura.

Resolução x alcance lateral no sonar de varredura lateral

Com o avanço da tecnologia digital os métodos geofísicos se tornam a cada dia mais e mais interessantes e mais aplicáveis em questões de engenharia e ambientais.

Na investigação de áreas submersas, destaca-se o sonar de varredura lateral ou side scan sonar. Esta técnica permite a obtenção de imagens de fundo que em muitos aspectos se assemelham a fotografias aéreas, que obviamente nao podem ser usadas para mapeamento de superfícies submersas tendo em vista que a luz tem penetração limitada na coluna d'água.

Nos dias de hoje existem muitos modelos de sonares mas basicamente todos eles são configurados em função de duas propriedades básicas: alcance lateral e resolução. Se seu projeto prevê o mapemaento de áreas enormes (muitos quilômetros por muitos quilômetros).... você necessariamente vai ter que trabalhar com sonares que emitem frequencias menores que 100 khz, sob pena de voce passar o resto da vida mapeando...... (frequencias maiores implicam em varreduras laterais menores e portanto ... mais linhas devem ser executadas pra se cobrir uma mesma área)

Sonares que usam frequencias da ordem de 100 khz permitem varrer em cada linha de navegação algumas centenas de metros, não ramente, 1000 m de cada lado da embarcação. Ou seja ao voce navegar voce vai ver na tela do seu computador um área com até 2 km de largura . Alguns sistemas muito especiais (Sea Marc II, por exemplo) usam frequencias ainda menores (menos que 20 khz) permitindo ver áreas com algunas dezenas de quilômetros de largura.

Porém se seu objetivo é mapear detalhes da superficie de fundo.... sonares de alta frequencia vão ter que ser utilizados. Neste caso estamos falando de sonares com frequencias superiores a 300 khz. Alguns sistemas evoluiram e permitem opção de uso de uma ou por outra frequencia no mesmo peixe, o que vai ser uma decisao sua em função do objetivo do seu projeto.

Outros, ainda mais evoluidos, permitem o uso simultâneo de duas frequencias. O Klein 3000 é um destes: usa 100 e 500 khz simultaneamente, o que permite o mapeamento de áreas tão largas quando 900-1000 metros de cada lado, quanto ver detalhes em faixas de até 150 m de cada lado.

Quando ver os detalhes de uma superfície submersa é necessario e importante?

São muitos os casos onde detalhes são necessários: listos alguns apenas para se ter uma idéia do assunto....

1 - mapeamento de dutos (manutenção de dutos) e emissários submarinos
2 - mapeamento de embarcações naufragadas
3 - mapeamento de estruturas sedimentares
4 - monitoramento de áreas de depósito de rejeitos de dragagem
5 - mapeamento de atividade bentônica
6 - operações de busca ou salvamento de objetos ou estruturas de dimensões submétricas
7 - mapeamento de minas ou de mudanças texturais na superfície de fundo relacionadas a minas enterradas (questões relacionadas a segurança)
8 - mapeamento de margens de rios e reservatórios (monitoramento de processos erosivos)
Alguns registros obtidos recentemente no litoral norte de São Paulo ilustram os pontos discutidos nestes parágrafos. Vejam nestes registros que os detalhes das estruturas sedimentares são muito melhor visualizados nas imagens na parte superior dos registros (que sao aqueles oriundos de 500khz).

Observem a pobreza de detalhes no conteudo das imagens inferiores..... (oritundas de 100khz)

Por outro lado o afloramento rochoso mostrado num dos pares de registros não são tão diferentes quando observado em ambos os registros...

Outros registros ilustrando este tema podem ser observados no endereço www.lapsmultiply/photos/album/485

Daí o cuidado que deve ser tomado quando se decide executar um levantamento com um ou com outro sistema, ou melhor, o cuidado que deve ser tomado ao se decidir executar um levantamento com o sonar de varredura lateral priorizando resolução ou alcance lateral, duas propriedades até certo limite, incompatíveis.
Enfim, discussão proposta.... estamos abertos a evoluir nesta discussão. abçs ao interessados no asunto.

Geofísica x áreas de descarte



Desde há muito (além dos anos 80) que os métodos geofísicos se tornaram métodos de investigação fundamentais para a viabilização de projetos de construção ou ampliação de portos em áreas costeiras. Batimetria, sonografia e perfilagem sísmica contínua, utilizando boomers, sparker, chirp etc... constituem um conjunto de métodos sísmicos de investigação amplamente utilizados em estudos geológicos destes ambientes, já que trazem à luz, informações fundamentais à implantação destes projetos: espessura da coluna d'água, espessura da coluna sedimentar, profundidade do embasamento rochoso, localização dos afloramentos rochosos entre outras características. Naquele tempo, o principal foco da investigação era a área do projeto propriamente dito e portanto somente na área de interesse eram desenvolvidos os processos investigativos. Não havia preocupação com a área de descarte do material a ser dragado para a viabilização do porto.

Os tempos mudaram e acredito para melhor!
Hoje, estudos semelhantes devem ser executados também nas áreas além costa, onde planeja-se o descarte do material dragado.

Assim, se faz necessário o conhecimento detalhado destas áreas: das suas características originais e das características adquiridas pós processo de deposição dos materiais dragados.

Certamente que métodos geofísicos tem muito a contribuir nestes estudos. Existem varias experiencias na Europa, Canadá e EUA mostrando a importância e o sucesso do uso destas ferramentas de investigação em projetos desta natureza. Vide Mosher & Currie 1997 e Blondel 2009. Tenho esse material caso alguem queira lê-los.

Basicamente a geofísica pode contribuir em estudos destas áreas de 3 maneiras distintas:

1 - por meio da clássica batimetria: pela simples comparação entre perfis batimétricos obtidos em periodos distintos ou da batimetria multifeixe, também comparando-se dados obtidos em periodos distintos. O produto desta análise vai informar, a partir das alterações da topografia da superficie de fundo, se ouve acúmulo de sedimentos no periodo analisado. Métodos mais modernos permitem ainda obter subprodutos de dados batimétricos intimamente relacionados com a natureza do fundo;

2 - por meio da sonografia: a comparação entre imagens do fundo oceânico obtidas em tempos distintos permite o monitoramento da superficie de fundo ao longo do processo de deposição. Mosher e Currie 1997, por exemplo executam monitoramente de área de descarte no Canadá utilizando sonar de varredura lateral obtendo resultados bem interessantes. Alterações na textura da superficie de fundo identificadas nas imagens do sonar de varredura lateral permitem concluir sobre o desenvolvimento do processo de deposição bem como mapeamento das alterações faciológicas ocorridas na superficie de fundo no processo de deposição e de dispersão dos sedimentos;

3 - por meio da perfilagem sísmica contínua: a execução de perfis sísmicos permite a identificação da espessura das camadas sedimentares acumuladas no periodo e portanto o acompanhamento do processo de deposição e erosão de sedimentos consequencia dos movimentos de descarte nas operações de dragagem.

Os resultados apresentados pelos três métodos geofísicos descritos acima serão sempre melhor analisados se confrontados com informações de naturezas diversas obtidas na área, a se destacar: medidas de correntes, análises de sedimentos de fundo, de sedimentos em suspensão etc.

Enfim, minha opinião pessoal é que nenhum outro conjunto de ferramentas pode trazer a luz o conjunto de informações reunidas a partir da execução dos ensaios descritos acima.
Cada um deles contribue individualmente para o processo de conhecimento da área de interesse, mas se executados em conjunto certamente conduzirá o interessado à uma melhor compreensão dos processos sedimentares atuantes na área de descarte, e por sua vez, das questões ambientais correlacionadas.
Finalmente, o produto do uso conjunto destas ferramentas de investigação, associado às demais contribuições dos outros métodos de investigação (amostragens de sedimentos de fundo, em suspensão etc) contribuem efetivamente para o processo de validação do modelo dinâmico proposto para a área.

Uma apresentação minha com slides ilustrando o potencial das ferramentas geofísicas neste contexto podem ser visualizadas no link abaixo:

Como a geofísica aplicada contribui em projetos de emissários submarinos

Como a geofísica aplicada contribui em projetos de emissários submarinos

O problema:

As empresas que gerenciam emissários submarinos nem sempre tem em mãos os projetos originais de lançamento dos mesmos na superfície de fundo, em especial quando se trata de projetos muito antigos. Mesmo tendo acesso aos projetos originais das rotas de lançamento dos emissários, não é garantido que eles continuem na posição original de lançamento.
A ação de correntes marinhas ao longo do tempo é inexorável e podem atuar no sentido de remover o emissário de sua posição original. Embarcações de grande porte podem também atuar produzindo efeito semelhante, ou seja, mover os emissários da posição estabelecida no projeto original.
Assim, quando há necessidade de revisão do projeto, ou de avaliação das condições de operação destes emissários, mapeá-los com precisão é essencial para se ter conhecimento:
1. da posição real e atual destes emissários;
2. do estado em que eles se encontram;
3. se estão enterrados ou ainda dispostos na superfície de fundo.

A solução:

Existem várias possibilidades de investigação da posição e das condições de operação de emissários submarinos.
Fotografias e filmagens submarinas são técnicas que podem ser empregadas neste tipo de investigação. Entretanto, a luminosidade restrita destes ambientes pode inviabilizar a aplicação deste método de observação.
A utilização de mergulhadores é outra alternativa, mas pode encontrar os mesmos problemas descritos acima, que, somados à presença de correntes marinhas costeiras, podem tornar ainda mais complexa a operação de aproximação dos mergulhadores das áreas de interesse.
Uma solução bastante interessante, moderna e eficiente, com excelente relação custo benefício, que pode ser aplicada em projetos desta natureza é a utilização de métodos geofísicos, em especial aqueles que empregam ondas acústicas.
Destacam-se neste contexto o sonar de varredura lateral e a perfilagem sísmica contínua. O primeiro utiliza sinais acústicos de alta freqüência e é empregado para detectar o emissário quando disposto e, portanto visível, na superfície de fundo, ou seja, no caso dele não estar enterrado. A perfilagem sísmica contínua, por outro lado, utiliza sinais acústicos de baixa freqüência que penetram na superfície de fundo, e assim, detectam o emissário mesmo que ele não esteja visível na superfície, ou seja, constituem ferramentas excelentes no caso dos emissários estarem enterrados na subsuperficie do fundo do mar.

Entre as muitas vantagens da utilização de métodos geofísicos em projetos desta natureza, podemos destacar:
1. São métodos indiretos de investigação e portanto não destrutivos, característica muito importante nos dias atuais, em que as questões ambientais assumem extrema relevância neste projetos;
2. São de rápida aplicação: em 2 ou 3 horas vários quilômetros da superfície de fundo podem ser mapeados com resolução centimétrica, possibilitando assim a cobertura de grandes áreas num curto intervalo de tempo;
3. São métodos de investigação que oferecem excelente relação custo/benefício;
4. Sua aplicação não depende de visibilidade ou transparência da coluna d'água. Dependem apenas das condições de navegabilidade do mar.

As informações obtidas por esse tipo de estudo são de grande interesse para as empresas que gerenciam emissários submarinos e dutos de qualquer natureza, nas regiões costeiras, e também nas áreas submersas interiores (rios e reservatórios) do Brasil.

As fotos ao lado ilustram a equipe do IPT em operação e os equipamentos utilizados nos experimentos realizados durante o mês de outubro de 2010. Nestes experimentos a equipe do IPT foi composta pelo Geól. Dr. Luiz A P Souza, pelo Geógr. Msc Nabil Alameddine e pelo Técnico em Geofísica Mauro M Ferreira. Os experimentos de campo foram também acompanhados pelo Eng. Dr. Eduardo Yassuda, da empresa ASA - South America.

Exemplos de produtos obtidos com a utilização do Sonar de varredura lateral:

O IPT realizou testes na região costeira de Santos - SP, utilizando um sonar de varredura lateral modelo Klein 3000, de dupla freqüência (100 e 500 kHz). As espetaculares imagens obtidas podem ser observadas na galeria de fotos a seguir. Nestas imagens é possível verificar claramente, e com grande detalhamento, a posição do emissário, suas dimensões e seu estado de conservação. A análise destas imagens permite concluir sobre quais trechos o emissário está está enterrado na subperficie de fundo, quais não, comprovando desta forma a eficiência deste método geofísico no mapeamento de precisão de emissários submarinos.
Observa-se que nestes ensaios não foram utilizados métodos acústicos para detecção dos emissários na porção onde estão enterrados, o que poderia ter sido feito utilizando-se de fontes acústicas do tipo boomer ou chirp, e que serão empregados na próxima etapa de experimentos.
As fotos seguir ilustram imagens obtidas do sonar de varredura lateral, equipamento adquirido pelo IPT em projeto financiado pela Finep, órgão do governo federal que financia projetos de pesquisa.