Como a geofísica aplicada contribui em projetos de emissários submarinos
O problema:
As empresas que gerenciam emissários submarinos nem sempre tem em mãos os projetos originais de lançamento dos mesmos na superfície de fundo, em especial quando se trata de projetos muito
antigos. Mesmo tendo acesso aos projetos originais das rotas de lançamento dos emissários, não é garantido que eles continuem na posição original de lançamento.
A ação de correntes marinhas ao longo do tempo é inexorável e podem atuar no sentido de remover o emissário de sua posição original. Embarcações de grande porte podem também atuar produzindo efeito semelhante, ou seja, mover os emissários da posição estabelecida no projeto original.
Assim, quando há necessidade de revisão do projeto, ou de avaliação das condições de operação destes emissários, mapeá-los com precisão é essencial para se ter conhecimento:
1. da posição real e atual destes emissários;
2. do estado em que eles se encontram;
3. se estão enterrados ou ainda dispostos na superfície de fundo.
A solução:
Existem várias possibilidades de investigação da posição e das condições de operação de emissários submarinos.
Fotografias e filmagens submarinas são técnicas que podem ser empregadas neste tipo de investigação. Entretanto, a luminosidade restrita destes ambientes pode inviabilizar a aplicação deste método de observação.
A utilização de mergulhadores é outra alternativa, mas pode encontrar os mesmos problemas descritos acima, que, somados à presença de correntes marinhas costeiras, podem tornar ainda mais complexa a operação de aproximação dos mergulhadores das áreas de interesse.
Uma solução bastante interessante, moderna e eficiente, com excelente relação custo benefício, que pode ser aplicada em projetos desta natureza é a utilização de métodos geofísicos, em especial aqueles que empregam ondas acústicas.
Destacam-se neste contexto o sonar de varredura lateral e a perfilagem sísmica contínua. O primeiro utiliza sinais acústicos de alta freqüência e é empregado para detectar o emissário quando disposto e, portanto visível, na superfície de fundo, ou seja, no caso dele não estar enterrado. A perfilagem sísmica contínua, por outro lado, utiliza sinais acústicos de baixa freqüência que penetram na superfície de fundo, e assim, detectam o emissário mesmo que ele não esteja visível na superfície, ou seja, constituem ferramentas excelentes no caso dos emissários estarem enterrados na subsuperficie do fundo do mar.
Entre as muitas vantagens da utilização de métodos geofísicos em projetos desta natureza, podemos destacar:
1. São métodos indiretos de investigação e portanto não destrutivos, característica muito importante nos dias atuais, em que as questões ambientais assumem extrema relevância neste projetos;
2. São de rápida aplicação: em 2 ou 3 horas vários quilômetros da superfície de fundo podem ser mapeados com resolução centimétrica, possibilitando assim a cobertura de grandes áreas num curto intervalo de tempo;
3. São métodos de investigação que oferecem excelente relação custo/benefício;
4. Sua aplicação não depende de visibilidade ou transparência da coluna d'água. Dependem apenas das condições de navegabilidade do mar.
As informações obtidas por esse tipo de estudo são de grande interesse para as empresas que gerenciam emissários submarinos e dutos de qualquer natureza, nas regiões costeiras, e também nas áreas submersas interiores (rios e reservatórios) do Brasil.
Exemplos de produtos obtidos com a utilização do Sonar de varredura lateral:
O IPT realizou testes na região costeira de Santos - SP, utilizando um sonar de varredura lateral modelo Klein 3000, de dupla freqüência (100 e 500 kHz). As espetaculares imagens obtidas podem ser observadas na galeria de fotos a seguir. Nestas imagens é possível verificar claramente, e com grande detalhamento, a posição do emissário, suas dimensões e seu estado de conservação. A análise destas imagens permite concluir sobre quais trechos o emissário está está enterrado na subperficie de fundo, quais não, comprovando desta forma a eficiência deste método geofísico no mapeamento de precisão de emissários submarinos.
Observa-se que nestes ensaios não foram utilizados métodos acústicos para detecção dos emissários na porção onde estão enterrados, o que poderia ter sido feito utilizando-se de fontes acústicas do tipo boomer ou chirp, e que serão empregados na próxima etapa de experimentos.
As fotos seguir ilustram imagens obtidas do sonar de varredura lateral, equipamento adquirido pelo IPT em projeto financiado pela Finep, órgão do governo federal que financia projetos de pesquisa.
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