Desde há muito (além dos anos 80) que os métodos geofísicos se tornaram métodos de investigação fundamentais para a viabilização de projetos de construção ou ampliação de portos em áreas costeiras. Batimetria, sonografia e perfilagem sísmica contínua, utilizando boomers, sparker, chirp etc... constituem um conjunto de métodos sísmicos de investigação amplamente utilizados em estudos geológicos destes ambientes, já que trazem à luz, informações fundamentais à implantação destes projetos: espessura da coluna d'água, espessura da coluna sedimentar, profundidade do embasamento rochoso, localização dos afloramentos rochosos entre outras características. Naquele tempo, o principal foco da investigação era a área do projeto propriamente dito e portanto somente na área de interesse eram desenvolvidos os processos investigativos. Não havia preocupação com a área de descarte do material a ser dragado para a viabilização do porto.
Os tempos mudaram e acredito para melhor!
Hoje, estudos semelhantes devem ser executados também nas áreas além costa, onde planeja-se o descarte do material dragado.
Assim, se faz necessário o conhecimento detalhado destas áreas: das suas características originais e das características adquiridas pós processo de deposição dos materiais dragados.
Certamente que métodos geofísicos tem muito a contribuir nestes estudos. Existem varias experiencias na Europa, Canadá e EUA mostrando a importância e o sucesso do uso destas ferramentas de investigação em projetos desta natureza. Vide Mosher & Currie 1997 e Blondel 2009. Tenho esse material caso alguem queira lê-los.
Basicamente a geofísica pode contribuir em estudos destas áreas de 3 maneiras distintas:
1 - por meio da clássica batimetria: pela simples comparação entre perfis batimétricos obtidos em periodos distintos ou da batimetria multifeixe, também comparando-se dados obtidos em periodos distintos. O produto desta análise vai informar, a partir das alterações da topografia da superficie de fundo, se ouve acúmulo de sedimentos no periodo analisado. Métodos mais modernos permitem ainda obter subprodutos de dados batimétricos intimamente relacionados com a natureza do fundo;
2 - por meio da sonografia: a comparação entre imagens do fundo oceânico obtidas em tempos distintos permite o monitoramento da superficie de fundo ao longo do processo de deposição. Mosher e Currie 1997, por exemplo executam monitoramente de área de descarte no Canadá utilizando sonar de varredura lateral obtendo resultados bem interessantes. Alterações na textura da superficie de fundo identificadas nas imagens do sonar de varredura lateral permitem concluir sobre o desenvolvimento do processo de deposição bem como mapeamento das alterações faciológicas ocorridas na superficie de fundo no processo de deposição e de dispersão dos sedimentos;
3 - por meio da perfilagem sísmica contínua: a execução de perfis sísmicos permite a identificação da espessura das camadas sedimentares acumuladas no periodo e portanto o acompanhamento do processo de deposição e erosão de sedimentos consequencia dos movimentos de descarte nas operações de dragagem.
Os resultados apresentados pelos três métodos geofísicos descritos acima serão sempre melhor analisados se confrontados com informações de naturezas diversas obtidas na área, a se destacar: medidas de correntes, análises de sedimentos de fundo, de sedimentos em suspensão etc.
Enfim, minha opinião pessoal é que nenhum outro conjunto de ferramentas pode trazer a luz o conjunto de informações reunidas a partir da execução dos ensaios descritos acima.
Cada um deles contribue individualmente para o processo de conhecimento da área de interesse, mas se executados em conjunto certamente conduzirá o interessado à uma melhor compreensão dos processos sedimentares atuantes na área de descarte, e por sua vez, das questões ambientais correlacionadas.
Finalmente, o produto do uso conjunto destas ferramentas de investigação, associado às demais contribuições dos outros métodos de investigação (amostragens de sedimentos de fundo, em suspensão etc) contribuem efetivamente para o processo de validação do modelo dinâmico proposto para a área.
Uma apresentação minha com slides ilustrando o potencial das ferramentas geofísicas neste contexto podem ser visualizadas no link abaixo:
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